Talvez eu possa recomeçar com um novo alguém

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Logo após o meu segundo amor passar pela minha vida, eu me tornei um medroso. E falando da pior forma, eu perdi minha voz como escritor. Antes dele, era mais ou menos isso que eu fazia: escrevia sobre sentimentos, relacionamentos e lições que eu aprendia com isso, e, obviamente, eu escrevi sobre garotos. Só que essa escrita foi uma das coisas que desgastou o que tínhamos, e perder alguém nunca é exatamente a coisa mais fácil de se lidar.

A verdade é que tive que deixá-lo ir, pois eu já não me sentia eu mesmo em sua presença, sempre vinha aquele desconforto de que eu falaria algo errado ou escreveria algo que ele não iria gostar. Foi quando eu me dei conta que não estava desconfortável apenas com ele, mas comigo mesmo. E o pior de tudo foi que mesmo com ele partindo, o desconforto não passou. Não que eu tenha parado de escrever totalmente, mas ando escrevendo bem pouco.

Era como se eu não estivesse sentindo mais nada, ou apenas tivesse enterrado isso tão fundo dentro de mim mesmo para que eu nem conseguisse ouvir. É muito estranho como alguém pode mudar totalmente a maneira como você enxerga si mesmo, ao ponto de fazer você querer encontrar uma nova versão sua, uma que, talvez, você nem esteja preparado ainda para conhecer. Mas busquei por isso mesmo assim, por esse escritor que poderia falar de outras coisas se não daquilo que eu vivo.

Mas não consegui, eu não sou ativista, não tenho veia politica e muito menos sou escritor de ficção. A única coisa que sei fazer é escrever sobre a vida. Talvez algum dia eu possa ser um escritor de várias vertentes, mas, pelo menos por agora, eu só sei viver nesse pequeno universo de corações partidos, falta de esperança, uma fé meio cega no amor, e acho que uma certa dose de obsessão por garotos.

Esses dias me encontrei lendo a história da adolescência da garota que inspirou esse blog, e em um dos capítulos ela tem essa noção sobre si mesma, de que talvez ela sempre vá querer um garoto. Eu gostei como ela falou “querer” e não “precisar”, porque precisar ninguém precisa, mas isso não te impede de querer aquilo, de mergulhar em histórias que claramente não terão bem um final feliz, mas que você tem vontade de viver mesmo assim, só pelo prazer de ter feito algo que tinha vontade.

Eu meio que era assim, ou talvez eu ainda tenha essa versão de mim escondida por aqui. E não, eu não vou sair por aí atrás de homens para ter o que escrever, mas eu também não quero mais me esconder. Eu estava em busca de uma nova voz quando esse tempo todo eu já tinha uma, mas não apreciava aquilo. Talvez um dia eu poste os textos escondidos em meus rascunhos, ou talvez eles sejam melhores assim: como rascunhos.

A verdade é que minha alma e meu coração têm fome, e eu não quero mais deixá-los assim. Também não estou desesperado para me apaixonar, mas também não quero que a cigana que me alertou sobre amor esteja certa. Só três amores, sério? Que coração pequeno! Talvez ela esteja certa, talvez meu último amor tenha ficado com tudo, talvez todos os outros que vierem depois dele o tenham para comparar, mas mesmo sem a capacidade de sentir um amor tão grande quanto esse, eu não quero me prender a isso,

Acreditar no amor é certamente a coisa mais difícil para a nossa geração, as histórias que mais ouvimos são sobre encontrar decepção disfarçada de amor. Não é o tipo de coisa que você se dispõe a encontrar, mas acho que também não estou totalmente fechado. Eu sinto falta de me sentir vivo, desse tipo de sentimento que só um amor não correspondido pode lhe trazer, ou até mesmo uma quase-história-de-amor.

Não estou desesperado para beijar alguém ou até mesmo transar, só quero me sentir vivo. Seja com um romance passageiro ou com uma amizade nova, eu só quero uma inspiração. Alguém que, sei lá, não tenha medo de mim, que me faça sentir livre para usar minha voz. Alguém com quem recomeçar. Para ser novo.

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